Coincidindo com o Dia Mundial do Meio Ambiente, a Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, destaca qual é a sua missão em Portugal e como está a atuar através do seu projeto “Margaritifera margaritifera” pela conservação e preservação desta espécie, conhecida comumente como o Mexilhão-de-Rio.

No Dia Mundial do Ambiente, importa destacar a grande atuação que a Quercus faz pela preservação da biodiversidade e proteção e conservação do nosso planeta, com projetos como o “M. margaritifera”. Este projeto é financiado pelo POSEUR e o Fundo Ambiental, e pretende conservar e proteger a espécie de mexilhão-de-rio em Portugal.
São várias as ações deste projeto, nomeadamente: a avaliação da qualidade morfológica dos rios; o estudo da extensão, distribuição detalhada e o estado de conservação das atuais populações desta espécie em Portugal; a analise da vulnerabilidade dos rios, tendo em conta as alterações climáticas e outros fatores como as espécies invasoras; a reprodução deste mexilhão-de-rio em cativeiro; a monitorização de repovoamentos; e a sensibilização da população das áreas de atuação através de materiais de divulgação.
Desde o início deste século, os bivalves de água doce têm sofrido taxas de extinção acentuadas, sendo os mexilhões de água doce e em particular a espécie M. margaritifera uma das mais ameaçadas na Europa. Esta espécie caracteriza-se por viver nos rios de águas frias e pode chegar a atingir os 50 anos.
A presença destes bivalves nos rios, assegura a integridade ecológica destes, pois são responsáveis pelo desempenho de funções vitais para o ecossistema, como são a filtração e depuração da água e a reciclagem de nutrientes. No último século, estes moluscos desapareceram de 90% do seu habitat natural e as causas desta redução estão relacionadas com a alteração, perda e degradação do habitat, poluição, introdução de espécies exóticas e diminuição dos peixes nativos hospedeiros.
Atualmente, em Portugal, as populações de M. margaritifera estão confinadas apenas a oito rios pertencentes às bacias hidrográficas do Douro (Sub-bacia do Tua: rios Tuela, Rabaçal, Mente; Sub-bacia do Paiva: rio Paiva; Sub-bacia do Tâmega: rios Beça e Terva) e do Noroeste (Cávado e Neiva).
O projeto “Recuperação e Proteção da Margaritifera margaritifera” tem como objetivo final inverter o processo de declínio continuado e acentuado das suas populações e proteger e/ou recuperar os núcleos históricos desta espécie, constituindo-se ainda como o plano de referência orientador para os vários intervenientes no processo, nomeadamente a administração central. Espera-se que este projeto contribua decisivamente para a gestão adequada num quadro de sustentabilidade futura de ambas as espécies-alvo (binómio bivalve/peixe) nos rios de Portugal, travando perdas irreversíveis da espécie Margaritifera margaritifera, que teriam consequências muito negativas ao nível da extinção de núcleos populacionais e da diminuição da diversidade genética associada a estas populações.
A Quercus foi fundada a 31 de Outubro de 1985 e é uma associação independente, apartidária, de âmbito nacional, sem fins lucrativos e constituída por cidadãos que se juntaram em torno do mesmo interesse pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais e na Defesa do Ambiente em geral, numa perspectiva de desenvolvimento sustentado.
Ao longo dos anos, a Quercus tem vindo a ocupar na sociedade portuguesa um lugar simultaneamente irreverente e construtivo na defesa das múltiplas causas da natureza e do ambiente. O seu âmbito de ação abrange hoje diversas áreas temáticas da atualidade ambiental, onde se incluem, além da conservação da natureza e da biodiversidade, a energia, a água, os resíduos, as alterações climáticas, as florestas, o consumo sustentável, a responsabilidade ambiental, entre outras. Este acompanhamento especializado é, em grande parte, suportado pelo trabalho desenvolvido por vários grupos de trabalho e projetos permanentes.

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